Vivemos no Universo do Et-Cetera-Play. Usamos a tecnologia de maneira errada



"Vivemos no Universo do Et-Cetera-Play porque, quando usamos uma nova tecnologia, a gente a usa de maneira errada. Quando surgiu a Internet, as pessoas queriam ter um site de qualquer maneira, sem um motivo. Parece que hoje todos os players querem ter um aplicativo OTT sem mesmo ter um porquê e sem saber qual o comportamento real do usuário", afirma o pesquisador de novas mídias digitais, Tom Jones Moreira de Assis, coordenador do Departamento de Engenharia de Aplicação da Tecsys do Brasil e membro do Fórum SBTVD e da diretoria de Ensino da SET, que que participou do painel sobre Semiosfera Televisiva no Congresso da SET Brasil 2018 e depois teve uma conversa online pelo Facebook com os demais colegas de bancada, onde pode enfatizar sua análise.

O pesquisador aponta diversos aspectos que devem ser considerados por quem deseja entrar neste mercado. O primeiro é conhecer o desejo do usuário e entregar o que realmente quer e que seja relevante. "Há diversas pesquisas sendo realizadas que apontam os caminhos. Por exemplo, qual é o gosto que as pessoas têm ao assistir um conteúdo na parte da manhã, da tarde ou da noite? Seria o mesmo de há 30 anos? Será que o JN é a grande vedete da noite ou as pessoas estão assistindo outra coisa?", questiona. 

Na avaliação dele, os players devem consideram que tipo de conteúdo que devem entregar ao usuário dentro do aplicativo de OTT e não generalizar, como corre no Universo do Et-Cetera-Play, definido por ele. 

Outro caminho para o OTT são os agregadores de conteúdo relevantes. "Por exemplo, os conteúdos audiovisuais que ficam uma semana nas salas de cinema e depois desaparecem e ninguém mais assiste, podem estar em um agregador de conteúdo. É isso o que um aplicativo de OTT tem que ser, trazendo todos os players e trazendo uma experiência diferenciada. Todo mundo quer competir com o Netflix, mas como competir com alguém que já tem um amplo conjunto de conteúdo diferenciado? O que você tem que fazer? A resposta é trazer conteúdo diferenciado para dentro do OTT, e não mais vivendo dentro de um jardim cercado só com aquele porquinho de conteúdo que você produziu na TV e que é colocado dentro do OTT. Não é isso o que as pessoas querem ver”, sentencia Tom Jones.