Pesquisa confirma: brasileiro busca conteúdos na Internet que não estão disponíveis na TV



A pesquisa Video Viewers 2018, encomendada pelo Google e conduzida pela Provokers, mostra que o consumo online aumentou 135% em quatro anos, saindo de 8.1 horas semanais para as atuais 19 horas. No ano passado, o tempo médio gasto com vídeos na internet foi de 15,4 horas por semana.

O estudo, que analisa também o tempo dedicado à TV aberta – e para outras plataformas –, aponta ainda que houve crescimento de 13% no mesmo período, com a população saindo de 21,9 horas semanais acompanhando a programação na telinha para 24,8 horas. A pesquisa foi feita em julho com três mil pessoas (de 14 a 55 anos, das classes ABC, nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste representando uma amostra de 127 milhões de brasileiros).

Para a TV paga, o cenário se mostra crítico, conforme os dados do estudo. Dos entrevistados, 43% não possuem assinatura. Em 2015, esse percentual foi de 34% (evoluindo para 36% e 40%, nos anos seguintes). Dessas pessoas que hoje não acompanham a TV paga, 74% afirmam não ter intenção de contratar o serviço. Três anos atrás, esse índice foi de 65%.

Já no caso das plataformas de streaming de TV, há uma tendência de performance positiva, na avaliação de Maria Helena Marinho, head de insights do Google. E isso é percebido quando se investiga o lugar preferido dos brasileiros para ver qualquer tipo de vídeo. De acordo com a pesquisa, o YouTube se mantém no topo, com 44% das respostas (em 2017, ele foi a escolha de 42%). Em segundo lugar está a Netflix, com 22%.

No ano passado, o serviço tinha ficado em terceiro, com 15%, atrás do WhatsApp (que tinha 20% das preferências). Em 2018, as posições se inverteram: o WhatsApp é apontado atualmente por 12% dos entrevistados (na quarta posição fica a TV aberta, com 8%). A TV paga, nesse quadro, foi escolhida por 6% dos entrevistados, mesmo percentual do Facebook.

Há mais dados que sinalizam que os serviços de video on demand estão em fase de alta. Na pergunta sobre o lugar preferido, o GloboPlay aparece na faixa com 1% das respostas, o que inclui ainda o Now. Em outra parte do estudo, essas plataformas voltaram a surgir no radar.

Foram analisados os vídeos vistos pelos entrevistados no período do estudo. Esse total chegou a 8.008 vídeos, o que envolveu todas as mídias. Desse material, 18% dos vídeos foram vistos na Globo. O YouTube foi a resposta de 15%. A Netflix ficou com 4% e o Globoplay, com 2% (outros canais tiveram índices maiores, como SBT e Facebook, ambos com 6%).

“Isso mostra que o brasileiro está disposto a pagar por conteúdo. O crescimento do streaming tem a ver com a queda da TV paga. O consumidor brasileiro entende que o hábito do on demand ficará”, diz Maria Helena.

 

Outro dado que chama atenção na pesquisa é a expansão da smart TV. Embora o celular seja o principal dispositivo para o consumo de vídeos na web (75% das respostas), o uso de smart TVs mais do que dobrou no período de um ano, passando de 22% para 43%. Um dos prováveis fatores a pesar nesse comportamento foi a venda aquecida de aparelhos em função da Copa do Mundo.

 

Conteúdo na web x conteúdo na TV

Muitos programas da TV são vistos também nos canais que as emissoras mantêm no YouTube. No entanto, a pesquisa Video Viewers indica que a principal razão do consumo de vídeos online não está associada a esse tipo de conteúdo. O estudo revela que 80% dos entrevistados procuram na internet conteúdos que não estão disponíveis na TV. Por outro lado, 47% dos brasileiros buscam na web de atrações que não puderam ver na grade televisiva e 27% desejam aprofundar assuntos que viram em algum programa na TV.

O Google encomendou também um estudo sobre as motivações que levam os brasileiros a consumir vídeo na internet. Esse trabalho foi feito pela Box 1824 entre fevereiro e março, com 200 entrevistas e 36 diários registrados de forma online. Foram detectados quatro grandes motivos: conexão (descobrir algo sobre um assunto comentado, ver conteúdo junto, ver ao vivo, interação com outras pessoas), conhecimento (atualização, aprender mais, fazer algo que nunca tinha feito), entretenimento (relaxar, melhorar o astral, ver histórias que emocionam) e identidade (causas, encorajamento para decisões, identificação, autoconfiança).

 

Força cultural e de negócios

Os resultados das pesquisas foram apresentados no evento YouTube Brandcast, que reúne profissionais do mercado de comunicação e criadores do YouTube e que foi realizado na noite da quarta-feira 19. O presidente do Google Brasil, Fabio Coelho, afirmou que a plataforma tem se consolidado em duas dimensões: força cultural e força de negócios.

Ele observou que existem 23 canais no Brasil com mais de 10 milhões de inscritos. E são mais de 800 com mais de um milhão de inscrições. O primeiro debate presidencial do atual pleito, feito pela Band, foi a maior transmissão ao vivo do YouTube no país. Coelho salientou que, no caso, o uso da segunda tela teve um componente extra: eram fornecidos dados em tempo real. Ou seja, utilizou-se a segunda tela sob uma ótica de insights.

As ferramentas analíticas também foram indicadas como importantes para as marcas. “A gente tem de medir tudo para mostrar valor”, disse Coelho. Ele comentou ainda que os brasileiros têm escolhido a plataforma para tomar decisões de compra. E destacou o blast, conceito que permite alcance rápido e grande cobertura, estratégia que fornece legado de dados. “O Brasil é um mercado que continua crescendo, não só com o YouTube. O crescimento está integrado com outras plataformas do Google”, acrescentou.

Fonte: Clube de Criação